(Do lado de fora)
Errar
é humano, persistir no erro é americano, acertar o alvo é muçulmano, cá pra
nós; isto é piada. Para os cristãos acertar o alvo é não pecar.
A
vida é feita de escolhas, muitas escolhas são feitas por eliminação. Excluímos
algumas coisas em detrimento de outra.
Muitos
de nós, morando em casa espaçosa ou não nos damos ao luxo de ter um quartinho
de bagunça ou quartinho dos fundos, geralmente com coisas que não utilizamos
mais, coisas que estão do lado de fora em nossas vidas, porém fazemos questão
de guardar: vai que um dia precisamos; não é?
Um
grupo de pessoas que foram “colocadas para fora” no Brasil inteiro são os
fumantes. No Brasil, o combate ao tabagismo se iniciou em 1996, com o advento
da lei federal nº 9.294. Art. 2°: é proibido o uso de cigarros, cigarrilhas,
charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero, derivado ou não do
tabaco, em recinto coletivo, privado ou público, salvo em área destinada
exclusivamente a esse fim, devidamente isolada e com arejamento conveniente. Na
verdade até mesmo do lado de fora os fumantes tem dificuldades para fumar pois
não podem fumar em lugar de grande concentração de pessoas como ponto de
ônibus, shows ao ar livre etc.
Há
aqueles que por opção ou não se encontram marginalizados; fora do contexto
social, as margens, muitos reclusos: presos. Ser marginalizado significa estar
separado do resto da sociedade, forçado a ocupar a beirada ou a margem e não o
centro. Pessoas marginalizadas não são consideradas parte da sociedade. Na
cultura brasileira, a palavra marginal refere-se aos delinqüentes, os assaltantes, os mendigos, pessoas que tem
grande pobreza e escassez de recursos entre outros. Esses vivem literalmente a
parte, do lado de fora.
“Os
incomodados que se retirem”. Este ditado popular revela nossa prepotência, auto-suficiência,
independência, Irreverência, Ignorância, insensibilidade e falta de preocupação
com o outro. Quando fazemos uso desse adágio estamos diretamente colocando
alguém para fora do nosso convívio. Enquanto Filipenses 2.3-4 nos ensina: nada
façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os
outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu,
mas cada qual também para o que é dos outros.
Curiosamente
até mesmo Jesus fora posto para fora: as atitudes dos laodicenses colocaram
Jesus do lado de fora da igreja. Como um objeto desprezível o Senhor Jesus fora
colocado no quartinho dos fundos lá no quintal, do lado de fora da casa, para
que quem sabe um dia precisasse dele, voltasse a usá-lo novamente. Como uma fumaça
intragável de cigarro, foi ditada normas, regulamentos que proibia Jesus dentro
da igreja. Jesus foi considerado um marginal, não se encaixava aos moldes
daquela igreja por isso vivia as margens de Laodicéia. Jesus precisou se
retirar.
Quais
foram as atitudes, quais eram as características da igreja de Laodicéia, o que
eles fizeram que levou Jesus pra fora da igreja? Orgulho, auto-suficiência, cegueira
espiritual faziam parte do dia a dia dos laodicenses.
Depois
que a igreja de Laodicéia se tornou nem fria nem quente e se enveredou pelo
caminho da auto-suficiência, deixando de reconhecer que era miserável digna de
compaixão, pobre, cega e nua — ela perdeu Jesus Cristo, deixou de ser igreja –
não necessariamente para sempre, porque Jesus, do lado de fora da igreja,
mostrava a sua boa vontade mais uma vez: “Eu tenho permanecido à porta e estou
batendo constantemente” (Ap 3.20, BV).
Aquele
que deveria estar no centro agora está do lado de fora, perderam a referência.
Caíram em aminésia Espiritual e esqueceu quem Jesus é.
Quem Jesus é para nós?
O próprio Jesus questionou assim para
seus discípulos: quem dizem os homens ser o filho do homem?
O que sabemos ser Jesus?
O desastre da igreja de Laodicéia poderia ter sido
evitado se os laodicenses tivessem lido com atenção não só a carta que Paulo
lhes enviou, mas especialmente a Epístola aos Colossenses, de acordo com o
pedido do apóstolo: “Depois que esta carta for lida entre vocês, façam que
também seja lida na igreja dos laodicenses” (Cl 4.16). Ora, Laodicéia e
Colossos, ambas na província romana da Ásia, eram cidades bem próximas: apenas
17 quilômetros separavam uma da outra. Paulo se preocupava tanto por uma igreja
como pela outra, como ele mesmo registra: “Quero que vocês saibam quanto estou
lutando por vocês [os de Colossos], pelos que estão em Laodicéia e por todos os
que ainda não me conhecem pessoalmente” (Cl 2.1).
Na
Epístola que deveria ser lida pelos colossenses e laodicenses é impressionante
a centralidade de Cristo na teologia, no culto e na vida pessoal de cada
crente. Se os laodicenses tivessem levado a sério o conteúdo da Epístola aos
Colossenses, provavelmente Cristo não teria sido esquecido por eles nem deixado
do lado de fora. Pois, nessa epístola Paulo deixa bem claro que Cristo é
absoluto: Senhor da criação (Cl 1.16), Cabeça da igreja (Cl 1.18; 2.10),
reconciliador de todas as coisas (Cl 2.13-15), imagem visível do Deus invisível
(Cl1.15), primeiro a ressuscitar dentre os mortos (Cl 1.18), tesouros da
sabedoria e do conhecimento, redentor vicário; Cristo é tudo e está em todos (Cl
3.11).
Conhecendo
essas coisas, acreditando piamente nelas, por meio da Epístola aos Colossenses,
os laodicenses valorizariam tanto o seu Salvador e Senhor que jamais o
deixariam sair da posição de Cabeça da igreja para ocupar um lugar do lado de
fora. O mesmo é válido hoje para toda igreja local ou para toda denominação
cristã! Cristo deve está sempre no centro da igreja e de nossas vidas